quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vegas se perde nos dados vermelhos

Existem momentos na vida que são indescritíveis, mas minha teimosia está me forçando a dizer alguma coisa, qualquer coisa... que seja real, é claro! Então lá vai...
A nossa vida passa por altos e baixos constantemente e é exatamente isso que faz com que eu esteja agoniado agora. Entre os 28 e os 32 anos você vive as fases mais transformadoras da sua vida, as conquistas profissionais, as decisões de independência, coisas como casar, ganhar dinheiro, sair de casa, pagar contas e etc...
Sobreviver, eu acho que é isso que acontece nessa fase, você aprende a sobreviver e isso me amedronta porque eu tenho medo de morrer, tenho medo, mas não me incomodo de morrer, o meu maior medo é de me sentir responsável por fazer alguém morrer comigo... tenho medo de ferir esse alguém que eu vou morrer de amores, que eu vou juntar decisões, que eu vou dividir as conquistas profissionais, que eu vou assumir, que vou casar, que vou ter filhos, que vou cuidar e vou fazer questão de viver pra sempre... Meu medo de matá-la está me matando e com isso, tudo o que está vivo está morrendo também. Eu me sinto em Las Vegas num dos melhores cassinos, aqueles cheios de luzes piscantes, mesas de jogos variadas com aquelas pessoas com seus drinks coloridos e caros, algumas pessoas estão olhando pra mim neste momento, principalmente aquele mais gordinho de terno que fuma charutos cubanos, porque no cassino sempre tem o gordinho rico com seu charuto cubano esfumaçante e na maioria das vezes eles são do Texas, mas isso é só uma informação idiota. As pessoas continuam me olhando e eu estou com os dois dados vermelhos na mão, as apostas estão sendo feitas e eu continuo tomando meu dry martini, que aliás eu aconselho pra qualquer um, e fazendo minhas orações para ter sorte nos dados, as pessoas estão me olhando apreensivas e é como se eu não conseguisse jogar os dados, por mais que eu tente eu não consigo jogar os dados... essa é a sensação que eu tenho agora, com meus 26 anos que se tornam 27 em dezembro, me aproximo dos 28 anos, me aproximo das transformações, mas não consigo jogar os dados, continuo com medo de matá-la. Eu sei que posso superar isso, mas tenho medo de fazer isso tarde demais e tendo ,ou não, sorte nos dados posso acabar perdendo o prêmio que eu quero, que eu quero... que eu quero juntar decisões, que eu quero dividir as conquistas profissionais, que eu quero assumir, que eu quero casar, que eu quero ter filhos, que eu quero cuidar e vou fazer questão de viver pra sempre independentemente dos números que der nos dados. Em Vegas até quando se perde se ganha glamour.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Hoje quem fala é o Leonardo

Interessante é nos entendermos assim... descartáveis, indesejáveis, impuros e sem o merecimento. Minha dor alugou o meu coração e não me deu nenhum quarto, nem mesmo aquele que ela não vai usar, ela nem mesmo tem móveis para preenchê-lo, mas mesmo assim não me deixou ficar. Eu acredito que ela fez isso de ódio, também não é por menos... faz quatro anos que eu não dava nenhum espaço pra ela. Quando meu pai morreu ela apareceu e eu deixei ela entrar no meu coração, eu dei o quarto de empregada pra ela dormir, não tive muita escolha... ela é esperta demais e dominou a sala também. Eu aceitei essa divisão, voltei a consolar o coração dos outros por que os outros achavam que o meu humor, a minha espontaneidade, o meu talento e tudo aquilo que me rege tinha que superar ao tempo curto dos fatos, justamente dos fatos... logo dos fatos... e existe tempo pra reverter algum fato? Existe um tempo certo para digerir um fato? Cuidado com a sua resposta... um fato é um fato! É um corte na linha do tempo, é quando divide rasgando, machucando e fazendo sangrar. Aí, a dor começou mandar no meu coração e me expulsou de casa. Eu estou fora do meu coração exatamente nesse momento, a dor desce de elevador todos os dias só pra me ver sangrando, ela sabe que eu estou ali no chão pedindo o que sobra e eu acho que isso é o que dá orgulho pra ela, é a vingança que ela estava preparando há muito tempo. Ela me vê sangrando, mas não faz nada... não me mata de vez, não cospe em mim, não ri de mim... nem mesmo me olha, por que isso seria me dar atenção. Ela não quer me matar, ela sabe que sentiria minha falta. No final de semana passado eu tentei levantar, mas as pessoas são estranhas demais, deduzem demais, concluem demais, exigem demais e decidem como querem, é claro. Eu já estava no chão quando me deram uma surra e eu realmente não vejo tanto motivo pra isso... é como se o meu lado bom estivesse do lado de fora de mim e ninguém conseguisse vê-lo onde ele realmente está. Hoje foi engraçado, quando minha dor desceu de elevador e chegou na rua, tomou um susto porque viu que eu estava sangrando demais, a surra que eu tomei está me matando de verdade e por mais que eu seja descartável ela está com pena de mim. É bom olhar nos olhos dela... É bom saber que ela não duvidou de mim dessa vez, embora eu saiba que isso não vá fazer com que ela me acuda.
Pra ela eu continuo sendo descartável
Pra ela eu continuo sendo descartável
Pra ela eu continuo sendo descartável
Pra ela eu continuo sendo descartável.

Leonardo