quarta-feira, 8 de julho de 2009

Hoje quem fala é o Leonardo

Interessante é nos entendermos assim... descartáveis, indesejáveis, impuros e sem o merecimento. Minha dor alugou o meu coração e não me deu nenhum quarto, nem mesmo aquele que ela não vai usar, ela nem mesmo tem móveis para preenchê-lo, mas mesmo assim não me deixou ficar. Eu acredito que ela fez isso de ódio, também não é por menos... faz quatro anos que eu não dava nenhum espaço pra ela. Quando meu pai morreu ela apareceu e eu deixei ela entrar no meu coração, eu dei o quarto de empregada pra ela dormir, não tive muita escolha... ela é esperta demais e dominou a sala também. Eu aceitei essa divisão, voltei a consolar o coração dos outros por que os outros achavam que o meu humor, a minha espontaneidade, o meu talento e tudo aquilo que me rege tinha que superar ao tempo curto dos fatos, justamente dos fatos... logo dos fatos... e existe tempo pra reverter algum fato? Existe um tempo certo para digerir um fato? Cuidado com a sua resposta... um fato é um fato! É um corte na linha do tempo, é quando divide rasgando, machucando e fazendo sangrar. Aí, a dor começou mandar no meu coração e me expulsou de casa. Eu estou fora do meu coração exatamente nesse momento, a dor desce de elevador todos os dias só pra me ver sangrando, ela sabe que eu estou ali no chão pedindo o que sobra e eu acho que isso é o que dá orgulho pra ela, é a vingança que ela estava preparando há muito tempo. Ela me vê sangrando, mas não faz nada... não me mata de vez, não cospe em mim, não ri de mim... nem mesmo me olha, por que isso seria me dar atenção. Ela não quer me matar, ela sabe que sentiria minha falta. No final de semana passado eu tentei levantar, mas as pessoas são estranhas demais, deduzem demais, concluem demais, exigem demais e decidem como querem, é claro. Eu já estava no chão quando me deram uma surra e eu realmente não vejo tanto motivo pra isso... é como se o meu lado bom estivesse do lado de fora de mim e ninguém conseguisse vê-lo onde ele realmente está. Hoje foi engraçado, quando minha dor desceu de elevador e chegou na rua, tomou um susto porque viu que eu estava sangrando demais, a surra que eu tomei está me matando de verdade e por mais que eu seja descartável ela está com pena de mim. É bom olhar nos olhos dela... É bom saber que ela não duvidou de mim dessa vez, embora eu saiba que isso não vá fazer com que ela me acuda.
Pra ela eu continuo sendo descartável
Pra ela eu continuo sendo descartável
Pra ela eu continuo sendo descartável
Pra ela eu continuo sendo descartável.

Leonardo

4 comentários:

Unknown disse...

Quando eu estava prestes a deitar li atentamente o que vc com tanta inspiração escreveu, e ao terminar de ler percebi a sensibilidade de um poeta jovem e cheio de sonhos.Realmente um lindo texto, parabéns.bjsss

Unknown disse...

percebi a sensibilidade de um poeta jovem e muito sonhador esse texto é profundo um poeta jovem e sensivel
léo parabéns

Unknown disse...

Oi! Léo, esse teu blog está muito bom. Rapaz, eu lamento ter que repetir o que, certamente, você já deve muito escutar: você é brilhante, e tem um futuro lindo pela frente. Abraços... Desejo o melhor p/vc e sua digníssima Bruna, também recebedora de minha admiração. Abração a vocês!

Unknown disse...

MUITO BEM ESCRITO, JEITO OTIMO DE SE EXPRESSAR.
MARAVILHOSO, TE ADMIRO, ADMIRO SEU TRABALHO. PARABENS.