sexta-feira, 1 de abril de 2011

Os olhos da Alma

Quando meu pai morreu eu queria ficar perto dele porque sabia que não o veria mais. Embrulhei o corpo dele num lençol e fiquei de olhos fechados passando a mão no rosto dele para gravar o sentimento das feições faciais dele em mim. Tinha que levar esta última recordação. Levei muitas outras maravilhosas dele em vida, mas eu não queria levar somente a do caixão depois do acontecido. Sabia que ele não estava mais alí e que nada que eu fizesse o traria de volta. Ele estava oco, era só um recipiente... Neste momento eu tive certeza da alma. Tive que senti-la fora para ter certeza e entender que ela esteve dentro. Então à partir daí quando eu me concentro, fecho meus olhos e consigo sentir as feições do rosto do meu pai impressas na minha mão e mato de forma imprecisa minha saudade. É claro que eu já sabia da existência de algo que mora em nós e que nos faz únicos, mas pra mim não era tão forte... Descobri que nossa alma nos dá sinais de existência o tempo todo...  Enquanto estamos vivos estamos repletos dela. Quando a emoção nos vem aos olhos é como se ela gritasse: Socorro!!!!! Me vejam!!!! Eu estou Aqui!!! Não duvide de mim! Deus me deu pra você!!!!
E sou muito grato pelo dom que Deus me presenteou, por que no palco consigo me enxergar quando a emoção me grita aos olhos. 




Teatro Manaus, um teatro mais três galerias lotadas de um público muito talentoso.

Um comentário:

Mariana Jacques disse...

Putz... e Léo, pode ter certeza que a gente (platéia) a enxerga e é levado por ela a cada minuto que está presente em cena!!e fora de... és uma alma enorme.. e muito bela... completada por uma outra tão reluzente quanto!!
viva A Arte que nos proporciona encontros e reflexões como essa e várias que ainda vão surgir!porque a alma é viva e eterna!
Feliz por vocês terem cruzado meu caminho !
Fato é Aqui dentro do recipiente tem amizade!
Abração nesse 1 em 2 e 2 em 1!!
é lindo de se conviver!!
Mari #prontofalei